
Cores e desenhos que encantam e se conectam. Mais do que isso, são formas lúdicas que hipnotizam e educam seus admiradores. É o que revelam muitos dos muros das escolas públicas do Distrito Federal, verdadeiras telas a céu aberto, que revelam a imaginação fértil e lírica de grafiteiros e artistas visuais da cidade.
Muitos centros de ensino da capital federal aderiram a ideia de implementar muros ilustrativos que interagem de forma impactante com vários atores da sociedade. Os traços encantam alunos e pais, professores ou simplesmente quem passa pela rua.
No Brasil, as pinturas não apenas de muros, mas de outros lugares públicos, também conhecidas como street art, ganharam peso internacional por meio de nomes de talento, como o artista Eduardo Kobra. Nascido em Taguatinga, o artista plástico Douglas Okada, o Minoru, já coloriu vários muros da cidade. É dele, por exemplo, a arte da fachada da Regional de Ensino do Guará.
Conscientizar
Para o coordenador da Regional de Ensino do Guará, Leandro Andrade, os trabalhos de arte nos muros são desenhos que contêm um significado, uma mensagem. Eles têm a missão de conscientizar a sociedade acerca de temas como inclusão social, as minorias, a importância da natureza, dos esportes e, claro, da própria educação.
No Centro de Ensino Fundamental da 412 de Samambaia, o colorido vibrante dos grafites do Coletivo Motirô agem como uma poderosa ferramenta de conscientização. É o que explica o diretor da escola, Castrino Alves Cornélio. “Desde que a nova estética invadiu o CEF 412, as ações de pichação e inscrições acabaram, ajudou na conservação dos muros das escolas”, revela.
O Coletivo Mutirô é uma organização não governamental de Samambaia que desenvolve medidas contínuas em escolas públicas da região, nos eixos de capacitação profissional, esportes, cultura e educação. A ação promoveu, em 2019, uma oficina sobre grafite com alunos que tivesse expertise ou interesse no assunto.
A alegria e o destaque visual do grafite também compõem as escolas de Santa Maria. Os centros de ensino fundamental da 417, 310, 116 e a gigante fachada da 308 foram contemplados com a arte do grafite. Os desenhos misturam temas diversos que vão da fauna, flora brasileira, passando pela história de Brasília e referências a personalidades brasileiras e internacionais como Monteiro Lobato, Machado de Assis, Albert Einstein, Nelson Mandela, Paulo Freire e Cora Coralina.
Contornos lúdicos
Em outras escolas do DF, o estilo arrojado e alternativo conhecido da maioria das artes de grafite ganha contornos lúdicos significativos. Em um do muros do Centro de Ensino Fundamental 2 da Estrutural há registrado o marco do movimento regionalista, “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos. O outro, reproduções do lírico “O Menino que Descobriu Brasília”, de Regina Célio Melo. Cortesia do trio de artistas Astro, Best e Kbeça.
Valorização da arte urbana
A Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do DF (Secec) é a responsável por acolher a arte urbana no DF, promovendo a cultura do grafite pela cidade.
A medida enaltece, de maneira criativa, a ocupação de espaços físicos, e também intensifica talentos não apenas do grafite, como também do hip hop. No ano passado, foram investidos aproximadamente R$ 336 mil no segmento. As ações foram geridas pela Subsecretaria de Economia Criativa (Suec).
Visando fortalecer a medida artística e cultural, em dezembro de 2021, a Secec selecionou 27 artistas urbanos para trabalhar no projeto “W3 – Arte Urbana”. O Projeto ocorreu entre os dias 27 e 28 de novembro e 4 e 5 de dezembro, trazendo vida a um dos setores mais populares da capital.
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