O prazo de validade considerado curto do imunizante da AstraZeneca contra Covid-19 está gerando empecilhos no avanço da vacinação em países mais pobres do mundo, segundo afirma autoridades e documentos internos da Organização Mundial da Saúde (OMS) analisados pela Reuters.
Essa situação é um problema para o projeto de compartilhamento de vacinas Covax, coliderado pela OMS e voltado para levar vacinas aos mais vulneráveis.
Inicialmente, países mais pobres e a Covax não conseguiram garantir em primeira mão suprimentos de vacinas, já que as nações mais ricas usaram seu poder ecocômico para comprar as primeiras doses disponíveis.
À medida que a produção de vacinas foi intensificada, os países mais ricos começaram a doar doses extras para alguns países, principalmente aos africanos.
As vacinas com vida útil curta, juntamente com a disparidade social, hesitação e outras barreiras, colaboraram para haver um índice de vacinação muito menor na África, onde apenas cerca de 10% das pessoas foram imunizadas, em comparação com mais de 70% em nações mais ricas.
A maioria dos imunizantes chegam a esses lugares com apenas alguns meses de validade, às vezes semanas, aumentando a corrida para a imunização. A Nigéria descartou 1 milhão de vacinas da AstraZeneca vencidas, em novembro.
A maioria dos 19 países da África listados tinha doses vencidas de AstraZeneca, em relação a alguns países com doses vencidas de outros fabricantes. Desse total, aproximadamente 1,3 milhão eram da AstraZeneca, 280 mil da Johnson & Johnson, 15 mil da Moderna e 13 mil da russa Sputnik, de acordo com o documento.
Outras vacinas devem ser rejeitadas, já que os países africanos e a Covax afirmaram que a partir de janeiro não aceitariam produtos com prazo de validade inferior a dois meses e meio.
A vida útil curta tende a não ser um empecilho para um país desenvolvido, que possui experiência e infraestrutura. Porém, sem sistemas adequados, pode ser barreira intransponível.
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