Pesquisadores da UnB criam castração não cirúrgica em cães e gatos

A quantidade de cães e gatos que vivem nas ruas é um problema enfrentado pelos gestores públicos. A pandemia de Covid-19 afetou o cenário de castração dos animais, com o aumento expressivo na taxa de animais abandonados no DF e a redução de campanhas do procedimento. Com intuito de encontrar uma chave para solucionar esse desafio, o Instituto de Ciências Biológicas (IB) da Universidade de Brasília (UnB) desenvolveu um projeto para realizar uma castração não cirúrgica, mais rápida e simples.

A iniciativa Alternativas nanotecnológicas para a castração não cirúrgica de animais machos é dirigida pela professora Carolina Madeira Lucci e já teve seus primeiros resultados divulgados em dois periódicos internacionais: Nanotoxicology e Pharmaceutics.

“A castração cirúrgica dos animais (seja macho ou fêmea) é bastante eficiente, porém não é rápida e nem todos podem pagar pela cirurgia.”, explica a professora.

A primeira idealização do projeto nasceu em 2015 e teve financiamentos da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Além disso, o programa tem como objetivo promover castração gratuita a esses animais em um ambiente que não seja necessária a infraestrutura de um centro cirúrgico veterinário. O custeamento do procedimento em clínicas particulares é alto e não acessível a todos.

O projeto trabalhará com machos devido à facilidade de acesso às gônadas, ou seja, aos testículos. A castração em machos é menos invasiva, além disso, os testículos possuem uma sensibilidade maior ao calor.

Outro motivo pela escolha de machos se baseia no próprio ciclo reprodutivo dos animais: “O macho pode emprenhar uma fêmea hoje, outra amanhã, outra depois de amanhã. Ele é capaz de gerar gestações em várias fêmeas em um curto espaço de tempo.”, explica Carolina Lucci. Em média, um casal de gatos pode ter mais de 49 mil descendentes durante dez anos.

Os primeiros experimentos foram realizados em ratos e apresentaram êxito nos resultados. Os animais ficaram completamente estéreis com apenas uma sessão de tratamento, sem efeitos colaterais. A partir do mês que vem os testes serão iniciados com gatos.

“Aplicaremos a técnica primeiro em gatos, já que eles se reproduzem muito rápido, e depois em cachorros. Também vale destacar que os gatos têm um tamanho mais fácil de trabalhar, enquanto os cachorros variam muito em relação ao porte.”, diz a professora.

O Instituto Brasília Ambiental (Ibram) informou que em 2019, 9.055 cães e gatos foram castrados pelo órgão, enquanto em 2020, primeiro ano da pandemia, esse número foi reduzido a 3.478. No ano passado, com a retomada mais intensiva do programa do Ibram, 10.330 passaram pelo procedimento.

FUNCIONAMENTO
O procedimento, que dura cerca de 20 minutos, não exige acompanhamento posterior e consiste na injeção de nanopartículas de óxido de ferro no testículo do animal, que deve estar sedado. Poderão ser adotadas duas técnicas de esterilização: por meio da aplicação de um campo magnético (magnetohipertermia) ou de uma luz de LED (fotohipertermia).

No caso da magnetohipertermia, o campo magnético externo é aplicado na região dos testículos e as nanopartículas injetadas criam um calor apenas no local da aplicação. Já na fotohipertermia, utiliza-se um LED infravermelho para que as nanopartículas transformem a luz em calor. Em ambos, a temperatura chega a 45°C, aproximadamente, e não causa queimaduras nos animais.

Além disso, não foram identificados efeitos colaterais nos animais testados, de acordo com o texto da patente.

FONTE: Secom UnB. 

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