O ex-presidente Jair Bolsonaro prestou depoimento nesta terça, 10, ao ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal que investiga uma suposta trama golpista para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Bolsonaro é um dos oito réus do núcleo central da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), que aponta o planejamento de medidas inconstitucionais após as eleições de 2022. De acordo com a PGR, o ex-presidente tinha conhecimento da minuta de decreto que previa estado de sítio e prisão de autoridades, acusação reforçada por delações premiadas, como a do tenente-coronel Mauro Cid.
Durante o depoimento, Bolsonaro negou qualquer envolvimento com um plano de golpe, afirmou que nunca cogitou essa hipótese em seu governo e disse que sempre atuou dentro da Constituição. Questionado sobre a chamada “minuta do golpe”, negou ter participado da elaboração do documento e rejeitou a informação de que o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, teria colocado tropas à disposição para ações golpistas. O ex-presidente também pediu desculpas por declarações anteriores nas quais acusava ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) de corrupção, e voltou a defender o voto impresso, mas negou ter tomado atitudes inconstitucionais.
O depoimento de Bolsonaro ocorre após os interrogatórios de outros sete réus ligados ao núcleo da investigação, como os ex-ministros Anderson Torres, Augusto Heleno e Braga Netto. Segundo a Polícia Federal, o grupo teria participado de reuniões nas quais se discutiu a decretação de estado de sítio e ações para impedir a posse de Lula. Essa etapa de depoimentos é uma das últimas fases da ação penal. A expectativa é que o julgamento sobre a responsabilidade dos acusados seja realizado no segundo semestre deste ano no Supremo Tribunal Federal.
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